quarta-feira, 25 de maio de 2011

Evolução Histórica do Centro de Aracaju

Rafaelle Camilla dos Santos Pinheiro
Geane Almeida da Conceição 



A construção de Aracaju deu-se de forma a possibilitar a ligação e interação desta com o mundo e de começar outras relações com outros espaços. Aracaju é fruto de um projeto político e, portanto, coube à administração pública da época a tarefa de criar condições básicas para o seu desenvolvimento urbano. O primeiro passo para a implantação da nova capital caracterizou-se pelas medidas de fixação do sistema administrativo seguida da construção do porto e por uma pequena expansão urbanística.

Para transformar tal espaço habitável foi necessário primeiramente, aterros e drenagens para dar lugar às primeiras construções, surgindo assim a projetada Aracaju. A concepção urbanística de Aracaju foi fruto do projeto do engenheiro Sebastião José Basílio Pirro. Esse projeto reunia um plano de quadrículos com trinta e duas quadras com cerca de 110m² cada, não apresentando uma complexidade existente nos projetos de ordenação urbana dos dias atuais (VILAR, 2006).
Fonte: Imagens Google (2011)

Fonte: Imagens Google (2011)


As primeiras edificações de Aracaju, como sede da então província, deram início após a construção da alfândega, localizado ao extremo oeste da Rua São Cristóvão. As dificuldades sanitárias e físicas não permitiram uma urbanização em seu primeiro ano de ocupação, deixando Aracaju, em 1856, limitada a uma localização paralela ao rio Sergipe, onde o aterro, mas ou menos sólido, facilitava as construções e crescimento da mesma (VILAR, 2006). 

Fonte: Imagens Google (2011)

Fonte: Imagens Google (2011)


Tais características são advindas da emergência da construção de uma nova capital que tivesse característica portuária para o escoamento da produção sergipana, assim as primeiras ruas e edificações são construídas ao longo do rio Sergipe, estabelecendo-se uma forte ligação entre os habitantes, o porto e o rio.

 Fonte: Imagens Google (2011)

Em 1857, os primeiros elementos formadores do centro histórico começam a ser delineados. Abrem-se as ruas Aurora (atual Avenida Ivo do Prado), São Cristóvão e a Rua da Conceição (atual Rua João Pessoa), a construção da igreja São Salvador, na esquina da Rua Laranjeiras e a atual João Pessoa. Seguindo essas construções é aberto um caminho de ligação entre o quadrado de Pirro e a Colina do Santo Antônio, a atual Avenida João Ribeiro (VILAR, 2006).

No final de sua primeira década, a capital Aracaju crescia em direção ao sul com o prolongamento da Avenida Ivo do Prado, juntamente com a abertura das ruas Maruim e Estância. A partir da construção da Catedral, em 1862, mesmo não existindo drenagem nesse terreno, já era possível perceber um número expressivo de novas construções que se ligavam a Praça da Matriz, notando-se que a então capital já se expandia para o interior, afastando-se da faixa linear compreendida pelo rio Sergipe.

Fonte: Imagens Google (2011)

Fonte: Imagens Google (2011)


Os problemas de consolidação urbana de Aracaju durante o século XIX e as primeiras décadas do século XX foram de ordem sanitária, enfermidades tropicais, e de infraestrutura básica, como a falta de pavimentação e terraplanagem, que dificultam o crescimento espacial do Centro, que nessa época contava com um comércio interno pouco expressivo, enfraquecido e com poucos estabelecimentos comerciais.

O quadrado de Pirro, elaborado para ser o centro histórico da cidade, o cartão postal da província, em suas primeiras cinco décadas não se apresentava como um centro urbano, dado o fato de que a cidade limitava-se apenas ao Centro, como a maioria das cidades do interior. Passando a cidade a confundia-se com o centro e o centro se confundia com a cidade. Já no final do século XIX, Aracaju caracterizava-se pelo crescimento fora do plano do quadrado original, tais ações permitiram a ocupação mais densa do Centro da cidade, porém ela ainda possuía aspectos de povoado com pouco mais de 21.000 habitantes (VILAR, 2006).

No início do século XX, o governo passou a investir mais na urbanização da capital, acelerando o processo de consolidação urbana, dotando-a de infraestrutura como água encanada (1908), bonde a tração animal (1910), energia elétrica (1913), saneamento (1914), construção de escolas, edifícios públicos e lugares de ócio, como o conjunto de praças no centro histórico (VILAR, 2006). Essas ações foram fruto da valorização econômica no mercado internacional do açúcar e do algodão, os principais produtos sergipanos.

Nesse mesmo eixo ou em seus arredores estão localizadas as sedes dos poderes públicos e religiosos, a prefeitura a catedral e os demais órgãos administrativos. Assim, pensando numa maior visibilidade econômica e um crescimento espacial, o Centro modificou-se plenamente. Transformações que possibilitaram a consolidação e conduziram o Centro a um verdadeiro espaço de síntese da cidade.

Além das obras de saneamento básico, a presença de objetos geográficos terciários, como o Mercado Modelo Antônio Franco (1926) e Mercado auxiliar Thales Ferraz (1949), nos arredores do porto, permitiram a consolidação desse espaço como lugar de consumo, onde existiam residências, casas comerciais e equipamentos públicos e privados de lazer (VILAR, 2006).

Aracaju e seu Centro Histórico se desenvolvem sendo fruto da e para a expansão econômica da então Província, sendo que o Centro representa a vida e a história dos sergipanos e é o palco de acontecimentos históricos de relevância para o estado. Assim, tem-se o Centro Histórico como um lugar de grande expressão social e cultural e um dos atrativos turísticos de Aracaju.

Referências
VILAR, José Welligton Carvalho. Evolução da paisagem urbana do Centro de Aracaju. Editora São Cristóvão, Departamento de Geografia da UFS, 2006, p. 45-67


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