domingo, 5 de junho de 2011

Turismo Cultural - A Percepção de um Professor.

Dayseanne Teles Lima

          Para complementar a abordagem a respeito do Turismo Cultural, entrevistamos o Professor Denio Azevedo, docente do Curso de Turismo na Universidade Federal de Sergipe. É formado em História pela UFS e Doutorando em Sociologia, atuando nas áreas de Cultura, Sociedade e Comunicação.

1 - Qual a sua concepção a respeito do Turismo Cultural?
De acordo com o conceito trabalhado pelo Ministério do Turismo no Brasil, o turismo cultural é uma segmentação que se concretiza no momento em que o deslocamento do turista tem como motivação central o conhecimento e a vivência das práticas e das representações culturais da comunidade visitada. Para outra vertente de autores, toda e qualquer prática turística é cultural. Tal nomenclatura, projetos e práticas surgem a partir do momento em que os gestores, empresários, consultores perceberam que a cultura se tornou um produto a ser consumido.  Outra questão é a própria necessidade das pessoas em conhecer o outro para buscar um reconhecimento do “eu”. Quando bem feito, o turismo cultural pode promover e preservar as práticas culturais de um destino, dar função e auxiliar na manutenção do patrimônio, pode ser um grande aliado no respeito às diferenças e o reconhecimento da diversidade cultural. Para tal, é necessário que os agentes que participam desta atividade estejam preparados, abertos e respeitosos ao encontro e saibam da importância deste patrimônio cultural para a comunidade e como atrativo turístico.


2 - Qual a importância deste segmento para uma comunidade?
A comunidade deve ser inserida no projeto desde o início. Ela deve ser consultada sobre o desejo em receber turistas. A partir da sua memória esta poderá revelar aspectos culturais que não foram registrados e que não constam na produção historiográfica do lugar. Poderá reforçar as identidades culturais dos envolvidos, inventariar as suas práticas culturais e auxiliar na manutenção do seu patrimônio cultural. A formação em interpretação e educação patrimonial é fundamental. Poderão ser capacitados e qualificados para atuar na prestação de serviços vinculados a prática turística. Com isso estes poderão conhecer melhor os seus bens e práticas culturais, para valorizar a sua memória, o seu imaginário e a sua história e aumentar o respeito e a preservação destes elementos. Portanto, o turismo cultural pode ser um elemento educativo para a comunidade, esta poderá ser uma aliada na relação entre o turista e o seu patrimônio, pode ser ainda uma forma de inclusão social e de desenvolvimento sócio-econômico para os moradores do lugar.

3 - E qual a sua percepção a respeito do Turismo Cultural em Aracaju?
Ele é inexistente ou pouco aproveitado. O grande potencial de Aracaju para esta segmentação não é aproveitado a contento. No geral, estes ficam restritos aos eventos culturais e a ações individuais dos turistas. A carência de projetos, a baixa qualificação e capacitação dos profissionais sobre turismo cultural, o baixo investimento, o desinteresse do setor privado, a infra-estrutura inadequada em vários espaços de memória e onde podemos contemplar as práticas culturais e até mesmo a não existência destes seriam os principais motivos para tal. Em Aracaju, o próprio desconhecimento da história, da geografia, da literatura, do artesanato, das artes visuais por parte da população local acaba agravando a situação.

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